19 de out. de 2009

Batatas ou Purê?




A palavra ministrada pelo Pr. Gustavo Matos, no último domingo, nos levou à uma profunda reflexão sobre a exata condição espiritual da igreja hoje, enquanto corpo, e, ao mesmo tempo, a postura de cada um de nós enquanto membros.
Ao usar a figura de uma batata, com muita clareza, simplicidade e sabedoria, ele ilustra a verdadeira situação de muitos "crentes" hoje.
É notório que vivemos num tempo em que para muitos "estar” é muito mais importante do que "ser”.
Diante desta constatação devemos nos perguntar: e nós? “estamos cristãos” ou “somos cristãos”?
Na sociedade em que vivemos, o ter sempre se sobrepõe ao ser. E não é de se admirar que este modelo de conduta, tecido pelos padrões de uma sociedade capitalista, e, "conformada" com o mundo, cuja mente é também cauterizada, seja encontrado infelizmente em muitas denominações hoje.
Ao comparar certo amontoado de "crentes" a um saco de batatas cruas, o Pr. Gustavo nos levou a um questionamento profundo. Usando uma figura simples e intrigante, ele nos fez enxergar uma realidade que está camuflada pela religiosidade.
Ao discorrer sobre a diferença entre ser apenas uma batata e deixar-se transformar em um purê, percebemos o quanto a ilustração descreveu com clareza a situação em que se encontram muitas congregações, envoltas na aparência de unidade e comunhão, todavia distantes do verdadeiro amor, impedindo que o mundo conheça Jesus através de nós.
Em JO: 17:21 nos deparamos com a oração de Jesus pela unidade: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”.
A batata crua não tem sabor algum, não há como utilizá-la. Estando isolada ou fazendo parte de um mesmo saco, é fato que se perderá caso não seja levada ao processo de cozimento. Apodrecerá e de nada mais se aproveitará a não ser para ser lançada fora.
Muitas congregações são verdadeiros sacos de batatas, amontoados de crentes duros, frios e sem sabor.
E como chegar à condição de purê? Para isto é vital que a batata passe por três etapas até que possa ser descascada e amassada junto com as demais: a panela, a água e o fogo.
Todavia, para que a batata se transforme em um purê não basta apenas estar em uma panela. São necessários mais dois elementos ativos para que as batatas adquiram a consistência de um purê uniforme e muito bem ligado.
O estarmos juntos, agrupados ou congregados, será suficiente para fazer de nós cristãos autênticos?
A panela é o templo; as batatas, a igreja, mas estar em unidade significa abandonar a velha “casca”, a condição de individualidade e se tornar um com os demais irmãos. Só assim ocorre a transformação da batata em purê.
A segunda etapa é estar mergulhados todos juntos em água suficiente para cobrir todas as batatas igualmente sem deixar nenhuma exposta.
A água é a palavra de Deus. Não basta molhar os pés ou as mãos, é necessário estar mergulhados na palavra.
Muitas denominações prestam um culto a Deus enfatizando uma infinidade de rituais, coreografias, e a palavra de Deus fica em segundo plano, deixada de lado, como se fosse um complemento do culto. Jesus é a Palavra que nos lava, purifica, transforma, consola, orienta, esclarece etc. O evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. Denominações estas que têm priorizado muito mais o luxo, o show, o dízimo, o louvor, o dinheiro, as pessoas e as negociatas. Prometem uma vida com abundância de bens, riquezas, carro do ano, casa própria, e onde fica a verdadeira vida abundante? nas riquezas desta vida fugaz de onde nada levaremos ou em Jesus?
O povo de Deus está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento conforme podemos ver em OS:4:3. Isto leva a igreja a buscar apenas as bênçãos e não o Deus da bênção.
Em MT 6:33 lemos: "Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas". O reino de Deus é feito de paz, alegria e justiça no Espírito Santo. Não é feito de comidas, bebidas, luxo e riquezas.
E o que dizer então das idolatrias e amuletos tais como: óleo Santo de Israel, feijão da prosperidade, sabonete para limpar a alma, rosa do Amor, cajado de Moisés, copo com água milagrosa, água do Rio Jordão, etc.? Isto é engano, fogo estranho ao Senhor.
Prosseguindo, a terceira fase é a do fogo. Uma igreja que não ora não pode ser vitoriosa. O fogo é a oração. O fogo também é um agente purificador, que nos prova para depois nos aprovar. Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder, uma frase antiga, mas verdadeira.
Atos 2:42 diz: “e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Palavra, comunhão e oração: esta é a receita do verdadeiro “purê de batatas”.
As batatas ao passarem por todos estes estágios poderão enfim ser descascadas. A casca é uma figura. Figura da máscara, de tudo aquilo que usamos como artifício para esconder a nossa verdadeira natureza, o nosso velho homem. Na água e no fogo as "máscaras" sairão com mais facilidade.
Por último serão enfim todas amassadas igualmente, despojadas da antiga forma, como barro nas mãos do oleiro. Já não são mais batatas e sim uma massa homogênea. Como um corpo ajustado e totalmente ligado e vivendo em comunhão. Como se diz na canção: "uma família sem qualquer falsidade, vivendo na verdade".
A comunhão é o tempero: o sal, o leite, a manteiga, e muitos outros ingredientes que deixarão o purê com sabor e aroma agradável a Deus e aos homens. Pronto para ser provado e para alimentar um mundo faminto e sem Deus.
Por Letícia Matos
Palavra ministrada pelo Pr. Gustavo Matos no culto de domingo.
Data: 18/10/09